Em inúmeras empresas no Brasil hoje em dia ainda impera a lei do silêncio, do MEDO, da HIPOCRISIA, e da NECESSIDADE de pagar as contas no fim do mês! Como isso é revoltante pra mim.

… Trabalhei em uma empresa de um grande grupo onde um dos gerentes executivos era extremamente inconveniente, falava absurdos publicamente para as mulheres das equipes com as quais trabalhava, DIVERTIA-SE em video-conferências, na frente de toda a empresa, dizendo ter total consciência de que era reconhecido como o playboyzinho da companhia, mas que não se importava com isso, pois somente pediam para que ele falasse menos palavrões.

Por um ano inteiro procurei por um “grupo de referência” dos valores da organização dentro da empresa, era tipo uma Ouvidoria, mas jamais algo mudou. Inclusive em uma das vezes que os procurei tive que escutar que eu deveria ser menos “escoteirinho”, porque as mulheres mesmo não se importavam com nada disso. Quanto absurdo!

Mandar “tomar no __”, ou a pérola “quem tem uma _____ consegue o que quer!”, era comum e de conhecimento público. Gerentes e “líderes” achavam pitoresca a situação.

E o pior é que o tal gerente boquirroto foi PROMOVIDO neste ínterim a diretor…

Eu cheguei a bater-boca com ele em uma reunião onde ele pediu para um gestor sair da sala para que os outros pudessem falar o que pensavam dele… Não consegui ficar calado diante de tanto abuso.

Outra vez, a única ação que fizeram por decorrência de mais uma das minhas veementes reclamações foi somente acarear um gerente, perguntando à analista de negócios que foi agredida verbalmente em uma reunião, se ela se sentia incomodada com isso, mas adivinha o que ela respondeu!! Ela disse que … NÃO!

Outra colega também certa vez me confidenciou para que eu não mais reclamasse à tal “ouvidoria”, para não se incomodar mais com isso…

Não suportei mais. Pedi demissão e segui meu caminho dois ou três meses depois. O diretor continuou lá até a empresa ser vendida, parece que preferiram não se desfazer dele e ele ficou.

Sei que nós, homens e mulheres, ainda temos muito caminho pela frente para mudar essa triste realidade. Acho inclusive que as coisas não vão mudar muito para a geração da minha filha, mas talvez um dia eu consiga fazer a diferença e mudar a realidade para a geração das minhas netas.